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Competitividade depende de tudo

Infraestrutura, investimentos, novas garantias e reconfiguração listam os aspectos primordiais para reverter cenário


Implementar reformas estruturais, reconfigurar pastas, novas garantias de investimentos, infraestrutura etc., alguns dos assuntos necessários para garantir que o Brasil se torne mais competitivo no comércio global. Temas discutidos na 35ª edição do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2016), organizado pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), o encontro abordou temas como a nova política de comércio exterior e as ações para ampliar a competitividade de produtos brasileiros na exportação.

De acordo com o presidente da AEB, José Augusto de Castro, uma vez que o câmbio não é uma variável controlável, “só resta ao Brasil se concentrar na variável custo para elevar o comércio exterior, alçado a força motriz de sua recuperação econômica”. Para Castro, o custo Brasil ainda é muito elevado, encarecendo as exportações brasileiras entre 30 e 35%. O terceiro painel teve como tema “Ações para Ampliar a Competitividade na Exportação”, reunindo o presidente da GE do Brasil e do Fórum de Competitividade das Exportações da CNI,

Nesse ponto para Gilberto Peralta, presidente da GE do Brasil, as exportações de manufaturados voltaram ao nível de três anos atrás, e por isso “é bom ver o Governo com foco no comércio exterior”. Apesar de elogiar o “tremendo avanço” obtido com o Portal do Comércio Exterior, que reduziu o tempo de liberação de mercadorias nas alfândegas, ele salientou que “ainda é necessário maior celeridade”, e reclamou da recente instituição de uma taxa de escaneamento de containers, “bem como do fato de que os exportadores precisarem ir de guichê em guichê para pagar taxas”, sendo necessário a instituição de um guichê único.

Sem esquecer da infraestrutura como fator primordial para redução de custos e assim elevar a competitividade das exportações, o diretor geral da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Adalberto Tokarski, ressaltou os projetos de terminais portuários já aprovados pela agência reguladora que significam investimentos de US$ 25 bilhões nos próximos anos “e que o maior problema de logística no momento está na falta de locais para armazenamento, principalmente para os produtos agrícolas”.

O professor do núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, disse que o quadro da infraestrutura do país é preocupante, sem que os diversos modais de transporte proporcionem alguma competitividade aos produtos brasileiros. “A posição do Brasil é pior do que qualquer outro país dos Brics. O Brasil é o único que não está entre os 40 melhores países em eficiência logística, ocupando hoje a 86ª posição no ranking mundial”, disse.

Balança
O ministro Marcos Jorge de Lima disse esperar que a balança comercial brasileira encerre o ano com superávit de US$ 45 bilhões, o maior desde 1989. Marcos Lima disse que o mercado externo é fundamental para a política industrial e informou que o Programa Brasil Mais Produtivo, lançado em setembro passado para atender 3 mil empresas industriais de pequeno e médio portes em todo o Brasil, já chegou a 153 delas, conseguindo aumentar em até 56% a produtividade nos processos produtivos.

Na avaliação do presidente da AEB, o país precisa de reformas tributária, trabalhista e previdenciária, e de elevar os investimentos em infraestrutura, principalmente na área portuária, para se tornar competitivo. Sobretudo no atual momento, em que as importações vêm crescendo o dobro das importações.

Castro assinalou que o Brasil exporta 40% de manufaturados e 60% de produtos primários, precisando rezar para que a China continue comprando nossas commodities, principalmente agora que o Brexit e a eleição de Donald Trump nos EUA devem reduzir o avanço do comércio mundial. "Qualquer mudança depende de nós mesmos, sendo necessário um melhor entrosamento entre os setores privado e governamental para que tenhamos um mundo melhor, sem depender da taxa de câmbio para exportar, sobretudo manufaturados, e crescer", observou.