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Remessa de lucro desaba, investimento é recorde

Montadoras enviaram apenas US$ 38 milhões, mas recebem US$ 4,1 bilhões


As remessas de lucros oficiais dos fabricantes de veículos instalados no Brasil às suas matrizes no exterior desceram este ano ao mais baixo patamar histórico das últimas duas décadas. Segundo dados contabilizados pelo Banco Central na semana passada, de janeiro a setembro deste ano as empresas remeteram apenas US$ 38 milhões, 75% abaixo dos US$ 154 milhões enviados no mesmo período de 2015, que já foi um ano ruim – apenas uma pequena fração dos dividendos bilionários remetidos em anos recentes, com o pico recorde de US$ 5,7 bilhões registrado em 2011 (veja evolução das remessas no gráfico abaixo). 

A queda acentuada e continuada das vendas de veículos no mercado brasileiro impactou severamente os resultados locais das empresas e inverteu a mão do fluxo de recursos, que desde o ano passado passaram a vir com maior intensidade das matrizes para sustentar suas subsidiárias no país. Para fazer frente a todos os investimentos prometidos em fábricas e desenvolvimento de produtos nos anos de crescimento econômico, o volume de investimentos estrangeiros diretos (IED) recebidos por fabricantes de veículos vem batendo recordes de alta. 

De janeiro a setembro os investimentos diretos recebidos pelas montadoras no país soma US$ 4,1 bilhões, cifra que supera em impressionantes 177% o valor recebido no mesmo período de 2015. Este ano, é o setor que mais recebeu recursos a título de IED. 

Outra forma que as matrizes usam para ajudar as subsidiárias no país são os empréstimos intercompanhia, quase sempre com juros inferiores aos de mercado. Este ano, até setembro, as montadoras no Brasil receberam US$ 3,8 bilhões, valor apenas 3,7% superior ao do mesmo período do ano passado, de US$ 3,7 bilhões. Contudo, o setor foi o que mais pagou esses financiamentos, com remessas de US$ 4,1 bilhões que significam crescimento de 131% em relação aos mesmos nove meses de 2015. Com isso, o saldo da conta de empréstimos ficou negativo no Brasil em US$ 318 milhões.

Por PEDRO KUTNEY, AB