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Desequilíbrio, um sinônimo de crise

País crescerá se taxas de investimentos do PIB acompanharem

















Quase um mês após anunciar seu programa de infraestrutura, batizado de Crescer, o presidente Michel Temer disse a uma plateia lotada de empresários que o país vive a pior crise de sua história. Com 12 milhões de desempregados, queda do PIB, inflação crescente e baixos investimentos e uma herança de R$ 185 milhões herdados do governo Dilma Rousseff, Temer afirmou: “Não é culpa minha”.

“Recebi um Brasil em profunda recessão, com crescente desemprego, elevada inflação e poucos investimentos. Os números exprimem com clareza a situação crítica que herdamos ao assumir o governo. Vou cansá-los, mas quero registrar alguns dados, para que não digam adiante, daqui a um ou dois meses, que este passivo é nosso”.

O presidente que esteve presente e participou da abertura do fórum da revista Exame, lamentou as dívidas herdadas do governo anterior e disse que “os gastos se transformaram numa bola de neve". O presidente afirmou ainda que a causa da crise é interna e fiscal. Segundo ele, o Estado se endividou além de sua capacidade, gerando recessão e desemprego. “Não quero assustá-los, mas motivá-los para que juntos possamos sair dessa crise”, afirmou.

Entre as ações necessárias listadas por empresários e especialistas presentes no evento estavam a aprovação de reformas econômicas e previdenciárias, ajuste fiscal, corte de gastos, geração de crescimento e empregos no médio prazo.

Mansueto Almeida, Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda que palestrou sobre “Os desafios para o alcance do equilíbrio econômico” lembrou que o ajuste fiscal é um dos caminhos para esse equilíbrio. Estimando um déficit de R$ 170 bilhões, ou seja, 2,7% do PIB, ele salientou que o pais vive esse ano um buraco fiscal pior que o enfrentado em 2015 “o que não é normal”.

Para Paulo Leme, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV-RJ, a retomada do crescimento e da produtividade depende de mais aportes em investimentos “e nesse quesito o setor privado tem papel primordial”.

Apontando míseros 16,7% do PIB em investimentos no segundo trimestre desse ano, Leme explicou ainda que para o País crescer 4% ao ano seriam necessários pelo menos um aumento de 19% a 20% de taxa do PIB em investimentos. “A menos que a gente mude a história e comece a ter resultados concomitantes, as coisas não serão muito diferentes. Temos que recuperar esse cenário de forma macro”, salientou.

Já Temer insistiu que “a irresponsabilidade fiscal é um veneno que corrói os direitos sociais”. Para ele, o momento exige uma “vacina contra o populismo fiscal”, e afirmou a necessidade de “um diagnóstico preciso”. Temer aproveitou o evento para criticar o governo Dilma, do qual fez parte. “É como se deslumbrando o abismo no horizonte, o governo tivesse colocado os dois pés no acelerador. Nós encontramos um país que acumula trimestres consecutivos de queda do PIB e com inflação crescente”.

Apesar dos desafios, o que anima os investidores e especialistas são os investimentos estrangeiros, que segundo Leme, tem imenso potencial. “O mercado externo tem imenso interesse de participar desse processo. Os desafios são muito grandes, porém não são instransponíveis”, disse, salientando ainda que “o pais tem uma grande oportunidade de implementar um programa econômico capaz de gerar crescimento e emprego de forma sustentável”, finalizou.