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Luz no fim do túnel

Apesar da crise, a movimentação portuária continua crescendo e o ambiente de investimentos anda bastante agitado. Será hora de botarmos uma pitada de otimismo nas perspectivas?


Assim como a venda de papelão ondulado serve como um importante indicador do nível da atividade econômica em vários países, pode-se dizer que o "nível de agitação" dos fundos de investimentos é um importante indicador das perspectivas de investimentos em um país.

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Ao que parece, muitos já estão em aquecimento na "beirada do campo" aguardando o sinal do juiz da partida – nesse caso, o Governo – para entrar em campo. Entre as principais expectativas estariam:

• Confirmação pelo Senado Federal do impeachment da Presidente Dilma. Sem qualquer tipo de juízo de valor, acredita-se que, na condição de interino, falta força ao atual Governo para levar adiante algumas questões importantes e/ou que um eventual retorno da Presidente afastada seria muito difícil sob o ponto de vista das condições de governabilidade;
• Confirmação das intenções do Governo Temer em priorizar e "destravar" investimentos em infraestrutura como uma das principais medidas para a retomada do crescimento do país;
• Revisão das regras de concessão visando tornar os investimentos mais seguros, transparentes e atrativos para os investidores como, por exemplo o teto de retorno sobre o investimento;
• Mais agilidade nos processos de licenciamento das obras por parte das autoridades competentes, entre elas o Ibama, a Antaq, a Antt, etc.

Apesar da crise, a movimentação portuária em Santos continua crescendo, tendo alguns terminais batido recordes sucessivamente. Em outras palavras, não fosse a crise, os volumes seriam ainda maiores e, provavelmente, estaríamos passando pelo mesmo caos vivido anos atrás em função da falta de investimentos em nossos principais gargalos logísticos: falta de acessos terrestres e marítimos aos portos.
É bem verdade que boa parte desses recordes de movimentação portuária têm sido motivados pelo crescimento das exportações, notadamente grãos, e que a valorização do Real nas últimas semanas tem preocupado muitas empresas exportadoras. Se, por um lado, o dólar mais barato ajuda a conter a inflação e viabiliza muitos planos de viagens ao exterior, por outro lado, prejudica as exportações e afeta as contas externas.

No acumulado do primeiro semestre de 2016, o Brasil foi o país no qual a moeda local mais se valorizou frente ao dólar (19,6%) e fez, inclusive, com que o novo presidente do Banco Central, Ilan Gooldjan, recuasse em sua posição quanto ao câmbio flutuante e intervenções no mercado de câmbio.

Sinceramente espero que os "sinais fracos" – termo utilizado em Inteligência de Mercado para sugerir situações que podem ou não se concretizar no futuro –, emitidos tanto pelo novo governo quanto pelos fundos de investimentos, se configurem, de fato, em uma luz no fim do túnel, já que não gosto nem de pensar na possibilidade de que essa luz, na verdade, possa ser uma locomotiva vindo no sentido contrário.