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Canal do Panamá: Origem, Importância e Indicadores 2015

Concebido por franceses, construído por americanos, o canal tem sido fundamental para transporte marítimo nos últimos 100 anos.

Em um momento no qual muitos armadores, exportadores e importadores mundo afora estão debruçados sobre suas pranchetas e planilhas realizando uma série de simulações referentes a volumes, custos, tempo de viagem, frota disponível etc., em função da iminente inauguração da expansão do Canal do Panamá, acredito ser oportuno também nos debruçarmos sobre alguns dados como sua origem, importância e seus os atuais fluxos de carga, antes de avaliarmos se – e de que maneira – a sua expansão impactará o transporte marítimo do Brasil.

O Canal do Panamá possui cerca de 80 km de extensão, é a segunda hidrovia artificial mais importante do mundo, depois do Canal de Suez, e corta o istmo do Panamá ligando o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico através de um sistema com seis eclusas e lagos artificiais.

Conforme demonstrado no mapa, as principais rotas a utilizar o canal estão invariavelmente associadas à Costa Leste do EUA, que entre embarque e desembarque, respondeu por 70% do volume movimentado pelo Canal do Panamá em 2015. Além dos EUA, merecem ser destacados os volumes com origem/destino na China (20%), Chile (12%), Japão (10%), Peru (8%), Coreia do Sul (8%), Colômbia (8%), México (8%) e Equador (6%). Vale notar que a soma das percentagens é maior que 100% já que foram considerados os volumes embarcados somados aos desembarcados por país, versus o volume total movimentado pelo Canal do Panamá.

A participação dos países da Costa Leste da América do Sul, como o Brasil, a Argentina e o Uruguai, é tão pequena que sequer foi desmembrada nos relatórios da Autoridade do Canal do Panamá. Somados, os embarques e desembarques desses países podem ser associados a apenas 7% do volume movimentado pelo canal em 2015, tendo como principal parceiro comercial os países da Costa Oeste da América do Sul, a exemplo do Chile, Peru e Equador.
 
Os navios Porta contêiner e Dry Bulk (que transportam grãos, fertilizantes, minérios, etc) disputam a liderança em termos de quantidade de passagens pelo Canal do Panamá, seguidos de longe pelos navios tanques (químicos e petróleo) e pelos navios de fullreefer (especializados no transporte de produtos perecíveis, como frutas, carnes e peixes. Entretanto, em termos de volume de carga, os navios Dry Bulk são disparadamente os mais relevantes.

Já em termos de commodities que cruzaram o canal, as três maiores representam nada menos que 60% de tudo o que foi movimentado em 2015: Grains (majoritariamente dos EUA para Ásia), Petroleum and Products (majoritariamente dos EUA para Ásia) e Container (majoritariamente da Ásia para EUA). Vale mencionar, entretanto, que, ao contrário das demais commodities, o volume em Contêiner vem demonstrando uma queda acentuada em ambos os sentidos nos últimos anos (-20% de 2013 para 2015).

Em suma, o Canal do Panamá foi concebido pelos franceses, construído pelos americanos e tem sido fundamental para transporte marítimo internacional nos últimos 100 anos, mas há tempos já atingiu sua capacidade em termos de quantidade diária travessias e suas dimensões se tornaram bastante defasadas para alguns tipos de navios como, por exemplo, os porta contêineres – e, por isso, está sendo expandido.