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Entenda os motivos, consequências do rebaixamento da nota do Brasil


Nesta quarta-feira, a agência de avaliação de risco Standard & Poor's indicou que o Brasil pode perder vaga no chamado clube dos bons pagadores, ao rebaixar a nota de crédito da dívida do Brasil de BBB- para BB+. Entenda como é feita a avaliação e quais as consequências da decisão:

O que é rating
O rating, ou avaliação de risco, é feito por agências especializadas — as mais importantes são três, Standard & Poor's, Moody's e Fitch — para ajudar investidores internacionais a avaliar a conveniência e a remuneração de aplicar seus recursos em papéis que representam dívida. É feita tanto para países quanto para empresas. No caso dos países, o que está em questão é a chamada "dívida soberana", emitida por governos.

O que é grau de investimento
As notas dadas pelas agências são organizadas em dois grandes grupos, um de baixo risco, chamado grau de investimento, e outro de risco mais elevado, chamado grau especulativo. O primeiro grupo equivale a uma espécie de clube de países considerados bons pagadores. O segundo também recebe investimentos, mas quem aplica exige uma remuneração maior, expressa em taxas de juro pagas pelo emissor da dívida.
Para que serve
O rating é uma forma de medir o risco de investir. Quando a nota cai, indica que os investidores vão exigir remuneração proporcionalmente maior para aplicar seus recursos em determinado país. Além disso, vários fundos de pensão têm regras que exigem notas de duas diferentes agências em grau de investimento para comprar papéis da dívida. Sem essa condição, sequer fazem o investimento.

O que as agências observam
A principal análise é a trajetória da dívida. Se está estável ou diminuindo em relação do PIB, significa que a capacidade de pagamento melhora e o país se torna mais confiável. Ao justificar os motivos para cortar e colocar em perspectiva negativa a nota do Brasil, a S&P mencionou "os desafios políticos" que continuam crescendo, e a "menor convicção" do governo brasileiro em relação à política fiscal. Com o déficit primário no orçamento previsto para 2016, o Brasil não só deixaria de pagar a dívida como somaria os juros ao estoque total, elevando o peso do endividamento sobre o PIB, principalmente depois da queda prevista para este ano e, provavelmente, do próximo.

Sinais de alerta
Outros dois indicadores de risco país — o índice EMBI+, do banco JP Morgan, e o prêmio pago por derivativos chamados Credit Default Swap (CDS) — já vinham subindo muito antes do anúncio da S&P. Analistas apontavam, inclusive, um distanciamento entre os sinais destes indicadores e os fornecidos pelas agências de risco.

Alívio temporário
Embora tenha perdido a nota em grau de investimento de uma das três principais agências, o Brasil ainda mantém os requisitos básicos para investimentos institucionais. No entanto, há tendência de a avaliação se alinhar com o tempo. O maior risco, agora, é a perda do grau de investimento também da Moody's. A terceira, a Fitch, ainda tem nota dois degraus acima da "fronteira" entre o grau de investimento e o especulativo.

As consequências
— Perda de investimentos
Com a perda do selo de bom pagador, investidores estrangeiros — principalmente fundos de pensão, que têm exigência de duas notas em grau de investimento para fazer aportes 3 tendem a deixar de aplicar recursos no Brasil. Além disso, dinheiro já investido aqui deve migrar para outros mercados, provocando uma fuga de capital.

Alta do dólar
A saída de recursos estrangeiros do país provoca escassez de dólares no Brasil, o que leva a uma natural alta da moeda americana. Como já existe muito nervosismo do mercado, essa consequência tende a ser acentuada. A lógica é simples, obedecendo a lei de oferta e demanda: com menos dólares no Brasil, a moeda se torna mais cara por aqui.

Crédito mais caro
Empresas brasileiras também são afetadas pela deterioração da nota de crédito brasileira. Especialistas apontam como outro possível risco a elevação das taxas de juros pagas por companhias brasileiras que quiserem captar recursos no Exterior.


Fonte: Zero Hora