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Dólar alto é negócio para exportador

Dólar alto é negócio para exportador

Em uma fábrica de teares, a exportação corresponde a 45% do faturamento. Aumentos provocados pela alta da moeda americana geram perdas a prazo.

Para as indústrias, a valorização da moeda americana frente ao real tem um lado bom e um ruim.

Dólar alto não combina com barulho de buzina. Em um modelo de carro fabricado no Brasil, 80% dos componentes são importados. As peças chegam pelo porto de Santos e o transporte até lá também é pago em dólar. A fábrica, que nos últimos dois anos, demitiu quase metade dos funcionários por conta da crise, tomou agora outra bordoada. “Há três anos o dólar estava por volta de R$ 1,80, R$ 1,90. Hoje a gente está liberando no porto a R$ 4,05”, diz Josué Paula, diretor geral.

Em outra fábrica, o real baratinho, tão desvalorizado perante o dólar, deixa as máquinas que eles fabricam mais atraentes aos olhos do mundo. Os teares ficaram cerca de 20% mais baratos que os dos concorrentes. As exportações estão salvando a pátria, já que o mercado interno está parado. “Inicialmente a nossa exportação representava 10% do faturamento da empresa. Hoje essa exportação corresponde a 45% do faturamento”, diz Ricardo Rossi, coordenador de marketing internacional.

O problema é que atrás da disparada do dólar, que até beneficia alguns, vem outros aumentos que prejudicam toda a economia: inflação e juros altos são consequências ruins para todo mundo.

Os fertilizantes, comprados em larga escala no exterior, vão pressionar os preços dos produtos agrícolas. Já a farinha de trigo, usada para fazer o pãozinho e massas, como o macarrão, é importada em grandes volumes da Argentina. Ou seja, com o dólar alto, vem mais pressão inflacionária por ai.

“A inflação vai acabar tendo um aumento nos custos internos, salário e demais custos em geral, em reais. Então essa vantagem que agora parece enorme ela vai dissipando e vai diminuindo e diminuindo ao longo do tempo”, explica Ricardo Rossi.

“Se o dólar é a dois, vamos trabalhar pra ser competitivo a dois. Se o dólar é a quatro, vamos trabalhar pra ser competitivo a quatro. A gente precisa, realmente, ter uma visão de longo prazo, porque ninguém consegue planejar de um ano para o outro”, diz Josué Paula.

Fonte: O Globo / Grupo Exim